A caminho das Furnas fez-se uma paragem por um parque com algumas fontes de água quente, perto havia um ribeiro, nesse ribeiro estava um cão, gania de aflição pela queda e sufoco de não conseguir voltar á margem. Sem muitos pensamentos, trouxe-o de volta ao seco, um caniche pequenino, sujinho de folhagem seca e dos canos velhos caídos ao rio. Antes que fizesse asneiras e que fossemos dois, o que para a minha “segunda mãe” seria um desespero, ajoelhei-me, o cachorro continuava ganindo, até que se apercebeu da presença, deitou-se sobre a pedra e ergueu a pata, cheguei-lhe a minha mão e icei-o para fora, tamanha era a sua alegria atirou-se a mim, sujando-me de terra húmida em lama, seguiu-me a mim e aos meus por todos os instantes que lá estivemos.
Tentei convencer a que o levassem, mas foi em vão, numa terra que pouco me tem de familiar e que falta me fazem as ordens superiores á resolução destes casos, tive de o deixar, não o larguei de vista enquanto o pode, ficou na ponte de barrotes de madeira, esperar que não volte a fazer o mesmo, creio ser mais um dos tantos animais de vida, donos de si, de vida solitária, testemunhas do abandono.
Conserva a vontade de sede, a satisfação tão perto de ser insatisfeita, uma hora nas águas, só resta ao vadio a esperança de alguma preocupação e persistência.
Insiste-se que os animais não merecem a importância de gente, mas muitos deles provam como conseguem feitos que racionais não conseguem, abrem-nos os sorrisos, distraem-nos nas pausas, atenuam os momentos de solidão, são os nossos companheiros de vida, e quando vão é como se fossem dos nossos!

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